Cooperação e conhecimento são fatores para alavancar a mobilidade elétrica no Brasil

Considerada um importante elemento para viabilizar uma vida mais saudável dentro de grandes centros urbanos, a mobilidade elétrica vem apresentando cada vez mais oportunidades de melhoria para saúde, economia, meio ambiente e inovação. Por ser embasada em fatores que permitem uma maior integração, a mobilidade elétrica possui um leque de possibilidades na sua implementação.

Para tanto, é necessário trabalhar de forma colaborativa, criando um ecossistema de apoio. É o que apontam os especialistas que discutiram o tema nesta segunda-feira (16). O debate ocorreu durante a 1ª Conferência da PNME (Plataforma Nacional de Mobilidade Elétrica), que acontece até quinta-feira (19), em formato 100% digital e gratuito.

Em sua fala, o diretor global do programa Drive to Zero, Cristiano Façanha, da Calstart, alertou sobre a oportunidade de ganho econômico com desenvolvimento de novas tecnologias, mas que para isso é necessário que os governos desempenhem um papel de estabelecer mercados. “Esse alinhamento dos mercados globais é essencial para ganhar escala de maneira consistente”, afirmou.

Os especialistas defendem que o Brasil não pode esperar para se desenvolver e, portanto, as mudanças precisam ocorrer em paralelo, de forma articulada. Tais Fonseca de Medeiros, especialista em Transporte Urbano do Banco Mundial, argumentou sobre a necessidade da ação coordenada de todos os atores. “O conhecimento é fundamental, mas também precisamos da troca de informações. Já estamos dando um segundo passo, mas precisamos pensar em como ampliar as ações”.

Para exemplificar a importância desse compartilhamento de informações e como é fundamental fortalecer a agenda de mobilidade como um todo, Pedro de Paula, diretor da Vital Strategies Brasil, comentou sobre um estudo desenvolvido na Ásia sobre os impactos da poluição na saúde da população. “As pessoas possuem percepção de curto prazo e não entendem que estão vivendo com níveis de poluição acima dos indicadores da Organização Mundial da Saúde (OMS). É necessário que as entidades civis e outros setores criem uma conexão para fazer a população entender de forma clara os riscos expostos”, defendeu.

Dentre os exemplos de erros e acertos, os palestrantes discutiram sobre ações desenvolvidas em países vizinhos na América Latina, sobretudo Chile. Para Karisa Ribeiro, especialista em transporte do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), devemos ampliar o olhar para alguns exemplos e adaptar para realidade brasileira criando uma política econômica única. “Não podemos pensar que um gestor municipal vá arcar com mudanças disruptivas sozinho. Se o Brasil quiser tomar a pauta com seriedade, deve mudar em todos os setores. Se não existir um plano de negócio, as políticas são isoladas”, defendeu.

Anthony Eggert, director na Climate Works Foundation, concorda com a afirmação. Para ele, não temos tempo para reinventar a roda e partir do zero. “Quanto mais aprendermos com os erros e sucessos dos outros, mais vamos caminhar e alavancar esses processos” argumenta.

Pela manhã, os participantes do primeiro painel discutiram sobre o papel da PNME em direcionar a elaboração do Plano Nacional de Mobilidade de forma integrada. Segundo Cristina Albuquerque, gerente de Mobilidade Urbana do WRI Brasil (World Resources Institute), o material é uma estratégia importante e vem sendo construído de maneira participativa e de governança. “Ter a percepção de todos é fundamental e isso enriquece o plano, pois estamos todos na mesma mesa conversando. O resultado vai surgir com muito mais perspectiva, contribuições e com grandes chances de ser implementado”.

O evento acontece até a próxima quinta (19/11) e as inscrições podem ser feitas AQUI.

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